Vidraceiro, Açougueiro, Vendedor. São algumas das respostas bem-humoradas dos jogadores no vestiário do Paulistano, de Muriaé-MG, quando perguntados sobre suas profissões. O clima descontraído antecede a partida disputada no acanhado estádio, válida pela Liga Amadora local. Mas no meio dessa turma que tem uma profissão durante a semana e se arrisca no futebol aos sábados e domingos, há um profissional.
Patrick tem 33 anos. Atleta natural de Muriaé, o meia, que também atua como lateral-esquerdo, já teve passagens por Guarani-MG e Cruzeiro. Este ano ele disputou o Campeonato Paulista pelo Ituano, após uma passagem de cinco anos pelo União de Leiria-POR. Atualmente, está sem clube. Enquanto pensa no futuro, procura unir o útil ao agradável.
Amadores e profissionais dividem espaço na Liga da região (Foto: Raphael Lemos)– Jogar aqui é uma forma de manter a forma física e ficar perto dos amigos. Além disso, foi aqui que eu comecei – lembrou.
Ele não é o único. De acordo com o presidente da liga local, José Geraldo Rocha, outros jogadores em atividade, com passagens por clubes do Brasil e do exterior, disputam ou já participaram do campeonato.
– A gente tem o caso do Léo Medeiros (ex-Flamengo), Bóvio (ex-Vasco), Flávio Medina (ex-Botafogo), Rubinho (Luverdense-MT, que disputa a Copa do Brasil contra o Corinthians). São muitos – listou o presidente.
Questionado se um profissional leva muita vantagem sobre os amadores em um campeonato assim, o lateral Patrick aponta apenas uma diferença.
– A preparação. Aí realmente você vê uma diferença grande. O time aqui não treina. Chega todo mundo no dia do jogo mesmo. Agora, futebol em todo lugar tem gente que sabe jogar – ponderou.
Além dos profissionais e atletas de fim de semana, que levam a competição a sério, há jogadores que já tentaram seguir carreira e que tiveram passagens por divisões de base em clubes, como Americano-RJ, Bangu-RJ, Macaé-RJ e São Caetano-SP.
– Sempre tem alguém observando – disse o presidente da liga.
O jogador e o advogado: amigos, Patrick (esq.) e Rodrigo (dir.) jogam pelo mesmo time(Foto: Raphael Lemos)
Carreira no futebol amador
Caso a parte é o advogado Rodrigo Oliveira, de 33 anos. Zagueiro do Paulistano, desde os 12 anos ele atua na várzea, incluindo a época de faculdade, quando morou em Juiz de Fora e jogou pelo time de futebol amador do Tupi-MG.
– Passei a vida toda no futebol amador. Aqui em Muriaé também joguei pelo Operário e pelo Porto. Mas a relação boa é com o Paulistano, meu pai até já foi presidente do clube – contou o advogado, ao lado do amigo Patrick.
Os jogos da liga amadora contam com trio de arbitragem, equipes uniformizadas e seguranças. A competição ainda é disputada nas categorias sub-13, sub-15 e sub-17, além da liga master, para os veteranos.